Por Prosas e Café
Acordo às 8h em ponto. Visto uma roupa, faço um café e em seguida abro o portão e caminho até o supermercado. As ruas estão desertas. Amo os domingos por causa disso – de manhã o silêncio faz morada aqui no bairro. Às vezes, desejo morar no silêncio dos domingos.
Caminho a passos lentos, observo cada detalhe da rua e percebo que caminho por aqui todos os dias, mas nunca havia notado que o som do trompete – que sempre ouvia ao voltar pra casa pela tarde – vem daquela casa amarela da esquina. Enquanto caminho lentamente, alguém passeia com o seu cachorro, um senhor sobe em direção contrária e eu atravesso a rua em direção a outra calçada.
Logo chego ao supermercado, compro algumas coisas e volto andando um pouco mais rápido, pois ainda tenho que fazer faxina em casa. Ao voltar, presto atenção e caminho pela calçada do lado direito da rua – lembro que do outro lado o cachorro da segunda casa ouve os passos de quem passa pela calçada e começa latir; dessa vez ele não teve que gastar seus latidos, e eu não tive que me assustar.
Sigo pela calçada e o silêncio já não é mais tão presente. Alguém ouve música em um volume altíssimo. O senhor da casa da outra esquina lava o carro enquanto o rádio está ligado na missa de domingo. Alguns carros passam para um lado e para o outro. Minha respiração está mais ofegante – o cansaço me toma. E assim o silêncio de domingo de manhã desaparece assim como a fumaça que sobe do outro lado da rua.