A psicologia da força de vontade nos diz que nada é impossível quando a determinação é indomável. Além disso, aponta que somos capazes de treinar nosso cérebro para tomar decisões melhores. Tais valores pessoais não vêm de fábrica, mas são desenvolvidos com o tempo, fazendo com que cada um tome pouco a pouco consciência dos seus próprios limites e também de suas capacidades.
É possível que, de repente, seja surpreendente que a psicologia disponha de um âmbito dedicado exclusivamente à força de vontade. Na realidade, não deixa de ser parte dessa ampla categoria que é a área motivacional, e onde como já sabemos, não faltam terapeutas treinados e “coaches” especializados em nos ensinar ferramentas para aprender a trabalhar um pouco melhor em prol dos nossos objetivos vitais.
“Nós não deixamos de fazer as coisas porque são difíceis; elas são difíceis porque não nos atrevemos a fazê-las”.
– Sêneca –
Não obstante, poderíamos dizer, sem erros, que esse âmbito de estudo começou a se consolidar a partir de 2011 após uma pesquisa realizada pela APA (American Psychological Associantion). O objetivo era avaliar o nível de estresse da população norte-americana, assim como os fatores que mais costumavam determiná-lo. Os resultados evidenciaram algo significativo.
Mais da metade dos entrevistados declarou estar bastante consciente de que seu estilo de vida não era saudável. Para mais, sabiam que o estresse, assim como a ansiedade, eram seus piores inimigos. Apesar disso, afirmavam que não tinham força de vontade para iniciar mudanças, não se sentiam encorajados ou com estratégias adequadas para melhorar suas situações.
Por que isso ocorre? Por que às vezes procrastinamos tanto? Por que falta vontade para fazer exercícios, parar de fumar ou para unir os ânimos e a coragem suficientes para lutar por um sonho ou meta que sempre nos acompanhou? A psicologia da força de vontade nos dá as respostas.
Às vezes temos ideias equivocadas sobre os diversos âmbitos do comportamento humano. Além disso, é possível que inclusive nós mesmos já tenhamos nos vistos na seguinte situação. Há épocas em que nos falta completamente a força de vontade, como se estivéssemos em uma sala escura sem saber o que fazer, como reagir e sentindo uma impotência absoluta. Frente a esse estado, não falta quem nos critique por nossa aparente fraqueza e capacidade de reação nula.
Algo que a psicologia da força de vontade nos deixa muito claro é que essa dimensão não é genética, ninguém vem com um programa instalado que se ativa quando é necessário. Além do mais, essa energia interna costuma ser muito sensível ao estado de ânimo de uma pessoa, ao contexto que a rodeia e à educação recebida. Ninguém nos ensinou estratégias para superar o medo, a indecisão, para trabalhar o autocontrole ou a determinação pessoal.
Por isso, é importante definir em primeiro lugar o que entendemos por força de vontade.
“A coragem é a resistência e o controle do medo, mas nunca a ausência do mesmo”.
– Mark Twain –
Características da força de vontade
Segundo a APA (American Psychological Association), a força de vontade é uma regulação consciente do “eu” com a qual busca-se um propósito reconhecendo-se merecedor desse objetivo.
Essa dimensão está intimamente relacionada com a autoestima e o autoconceito.
Um aspecto importante associado a essa dimensão é que ela tem muito a ver com a regulação dos pensamentos negativos ou limitantes. Controlar esses impulsos não desejados que nos colocam cercas e muros no horizonte é algo que devemos aprender a gerenciar
Além disso, se associa também com a nossa capacidade de retardar a gratificação. Devemos ser capazes de resistir às tentações a curto prazo a fim de cumprir os objetivos a longo prazo
Por último, reitera-se mais uma vez que todas essas habilidades e recursos psicológicos podem ser treinados. De fato, é algo que todos deveríamos fazer, sem esquecermos nunca a importância de transmitir aos mais novos este tipo de estratégia motivacional para guiá-los a assumir objetivos desde cedo.
3 princípios da psicologia da força de vontade
Se é certo que “querer é poder”, cabe dizer que sempre há pequenas nuances para se levar em conta. Assim, poderíamos dizer que “querer é saber quais recursos devo colocar em prática para conseguir aquilo que quero e que posso conseguir sendo plenamente realista”.
Um dos trabalhos mais interessantes sobre a força de vontade é o realizado pela psicóloga da saúde Kelly McGonigal. Em seu livro “O instinto da força de vontade – como funciona o autocontrole”, ela nos ensina estratégias valiosas que podem ajudar e que, em essência, se resumem em três princípios. São os seguintes:
Não vou conseguir
Essa é, sem dúvidas, uma das frases que mais costuma aparecer na nossa mente quando nos colocamos um propósito. Na realidade, esse discurso negativo e limitante é o primeiro que devemos controlar, vencer e transformar.
Um modo de conseguir fazer isso é dizendo o seguinte: “Vou conseguir se criar o meu próprio poder”.
Farei isso freando o diálogo interno negativo
Transformarei em afirmações toda negatividade que aparecer na minha mente: “Não posso aspirar a um trabalho melhor, o mercado de trabalho está muito ruim” – > “Sim, posso aspirar a um trabalho melhor, vou tentar oferecer algo inovador e de qualidade”
Vou potencializar
Todos temos virtudes magníficas, capacidades e habilidades que devemos reconhecer, apreciar e potencializar. Apesar disso, às vezes, ao estarmos em certos contextos ou rodeados por algumas pessoas, tendemos a esquecer ou menosprezar esses valores.
É momento de recordá-los, de deixar de lado as influências externas ou internas ruins que afetam a nossa autoestima e potencializar ao máximo o que somos e o quanto valemos.
Quero poder
O último princípio é simples, útil e prático. Baseia-se em praticar em nosso dia a dia simples verbalizações. Alguns exemplos são:
Quero poder me sentir melhor
Quero poder me sentir mais forte
Quero poder superar meu passado e deixar de lado os pensamentos negativos
Hoje quero poder enfrentar esse medo, esse problema
Amanhã quero poder alcançar esse objetivo
Como vemos, a psicologia da força de vontade é realmente importante, útil e decisiva para nossas vidas. Vamos aprender a trabalhá-la. Sejamos conscientes de nossos recursos internos e de que merecemos, sem dúvidas, alcançar plenamente cada um de nossos sonhos.
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