Por Sil Guidorizzi
Por vezes, fico pensando onde desacreditei, onde tentei, onde esperei demais. Volto a fita tentando entender o caminho e as coisas que tive que aprender a superar, mesmo com medo ou com algum desespero movido pela distância e saudade de quem também amei; pelas noites em que só quis amor de verdade e um olhar mais zeloso ao meu redor.
Por vezes, sinto-me como se tivesse sido escolhida entre tantas pessoas para aprender a não se curvar tanto a não morrer pelas coisas que ressecaram com o tempo, dando-me, através de suas respostas, o que precisava para aprender a não confiar demais ou sentir como se tudo desabasse sobre mim.
Por vezes, eu ando como uma verdadeira peregrina distanciando e silenciando de quem ofendeu o lado que não viu, sem se preocupar com as dores que por vezes carreguei.
Hoje eu vivo a vida que preciso e não preciso de ninguém que me repreenda que me ignore ou que ache que não sou nada.
Sou valente o suficiente para dar a cara para bater e não baixo o nível por qualquer motivo. Minha elegância vem das coisas que penso e não digo, vem de não querer me igualar na imoralidade ou desprezo de ninguém.
Vem da minha própria sinceridade em acolher o que sou e não mais deixar que me confundam com alguém que tem que se contentar com as sobras porque eu mereço mais do que isso.
Não nasci pra ser tapete, não vivi para ser deixada em algum exílio ou ser tratada como opção.
Paz é abrigo, é onde o coração coabita. É onde aprendi a desistir de muita coisa e insistir mais na minha inteligência emocional e na minha cura interna. Alguns cacos juntei, outros sentimentos dispensei. Nem sempre tudo foi tão claro assim.
Mas hoje vejo tudo de outra maneira e refresco a memória quando sinto que é preciso me libertar dos excessos e da falta de presença. Pobre de quem só vê riqueza no que ostenta. Deus é minha grandeza, meu escudo, minha morada de luz.
Foi nessa fé que aprendi a me orientar, crescer e manter a alma longe do atrito que não faz o caminho ser melhor.
Não ligo para as marcas do tempo, porque ele me fez ver o que fiz até aqui.
A alma também vive de euforia, de alegria, de proximidade. Por dentro é que precisa haver reparo. Caso contrário, tudo morre tudo se apaga, tudo envelhece de verdade.
Vivo dentro desse tempo, curando, agradecendo, buscando, me resolvendo.
Cada um precisa aprender a reconhecer seus próprios erros e a cuidar mais de si.
Não sei o tempo que disponho, mas também não nado mais no raso e não me abandono.
O que não volta mais, que descanse em paz. Algumas coisas foram feitas para encantar os dias e, às vezes, nos esquecemos disso.
É preciso tentar viver o raro, porque quem coloca em nós preço e prazo de validade, é porque ainda não aprendeu a cativar o simples.
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