Por Cíntia Ferreira
É cada vez mais comum as crianças se desenvolverem muito rápido, a ponto, muitas vezes, de tornarem-se pequenas adultas. Muita gente acha bonito ver menina de salto alto, maquiagem ou gosta de se gabar da agenda cheia de atividades do filho. No entanto, há um erro óbvio, mas ignorado por muitos.
Crianças precisam ser crianças. Não à toa, essa etapa é uma das mais importantes do desenvolvimento humano, e permite, por exemplo, utilizar de ferramentas, como o brincar livre, para ensaiar sobre a vida e explorar todas as suas potencialidades. A criança que perde isso está perdendo algo muito valioso, que é a própria infância.
Os pais e cuidadores devem sempre estar atentos para evitar acelerar as etapas do desenvolvimento infantil, pois é assim que se entra no terreno confuso da adultização. E é assim que a criança sai perdendo, e muito. É importante saber que existem etapas a serem cumpridas para um bom desenvolvimento físico, emocional e intelectual, e a infância é um dos mais importantes deles.
Adultização é diferente de brincar de gente grande
Deixe que as crianças brinquem, inclusive de serem adultas. Brincar de ser gente grande é diferente de adultizar, porque a brincadeira é delas e parte delas. É essencial que as crianças decidam suas brincadeiras. É assim que elas desenvolvem a autonomia, a imaginação e a criatividade.
Já adultizar é uma outra coisa, é perguntar para a criança o que ela vai ser quando crescer, é fazer ela participar de concursos de beleza, de miss e outros mais; é colocar na agenda dela cabeleireiro semanal e manicure, como se ela precisasse disso; é ficar perguntando, ou insinuando, se ela tem namorado; é postar foto dela nas redes sociais vestida de adulta.
Lembre-se também de que incentivar um excesso de atividades ou mesmo a competição, seja esportiva ou na escola, não é saudável para a criança, que é um ser humano em busca de identidade.
Não tire isso dela. Deixe-a no lugar a que ela pertence: a infância, pois ela terá a vida inteira para ser adulta.
E para finalizar, para mudarmos esse conceito de “bonitinho” a criança maquiada, atarefada, adultizada, é preciso também não dar like em posts do tipo (e olha que as redes sociais estão cheias deles).
Criança adultizada não é bonito, não é fofo! Ao contrário, é feio e faz mal pra elas.