“Olhem para frente, porque a luta continua”, diz Elza Soares à nova geração

Quando se pensa em referências femininas no Brasil e no mundo, alguns nomes surgem à cabeça como Frida Khalo, Leila Diniz, Simone de Beauvoir, Angela Davis, entre outras clássicas. Na música, referências da juventude como Beyoncé conquistaram os palcos e milhões de mulheres. No Brasil, um nome atravessa as últimas décadas como símbolo de sofrimento e superação. Elza Soares encarna como poucas mulheres o exemplo de quem venceu os mais duros desafios com a força de sua presença e de sua voz.

Nascida na favela da Moça Bonita, em Padre Miguel, Zona Oeste do Rio de Janeiro, Elza da Conceição Soares é filha de um operário e de uma lavadeira. Criada no bairro de Água Santa, casou-se cedo por ordem do pai, aos 12 anos, e aos 13 deu à luz seu primeiro filho. Dos sete filhos que teve, ela perdeu quatro, um deles filho de Garrincha, com quem Elza teve um relacionamento de 16 anos, que de “conturbado” foi sendo revelado, ao longo do tempo, como abusivo.

Questionada sobre quando se deu conta de seu empoderamento como mulher, negra e favelada diante da sociedade em que vivia, Elza diz que não houve um momento exato.

“Foi através da luta diária mesmo. Você vai botando a cara pela necessidade. É mais necessidade do que outra coisa”, afirmou a cantora, para quem o sucesso é ainda uma exceção para mulheres que se enquadram nessas características: “A mulher negra e favelada como uma história de superação e conquista é ainda uma exceção. Temos muito o que mudar”, acrescentou.

Com uma história de vida dramática, e prestes a completar seus 80 anos, Elza está agora em turnê pelo Brasil com mais um sucesso de carreira lançado em 2015: A Mulher do Fim do Mundo, no qual pede em versos: “Eu vou cantar, me deixem cantar até o fim”.



Para todos aqueles que desejam pintar, esculpir, desenhar, escrever o seu próprio caminho para a felicidade.