Para o filósofo, educador e escritor, apesar da pandemia gerar temor coletivo comparável ao das bombas atômicas, muitos só vão querer voltar à vida normal.
Mario Sergio Cortella, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, na segunda-feira, 27 de abril, em suma, disse que:
“Temos vivido tempos de silêncios internos. Quando me vem algum, recorro ao meu inventário de memórias construídas ao longa da vida para pensar sobre os passos que dei, que dou e que darei. Cada um de nós precisa buscar maneiras de não deixar um oco dentro de si neste momento, para evitar que a situação, que é difícil, se torne assustadora”.
Ao ser questionado sobre a ideia de que as pessoas serão transformadas positivamente após o fim da pandemia, ele respondeu:
“Não creio nisso. Não acho que a humanidade irá se converter à solidariedade. Este tipo de perspectiva é muito mais marcada por um desejo de que isso tenha seu lugar no mundo. […] Quando vemos o arco-íris muitas vezes seguidas, ele vai deixando de ser deslumbrante para ser comum. O olhar habitual sobre as coisas nos amortece um pouco. Não há dúvida de que, quando essa penumbra se dissipar, não vamos olhar do mesmo modo algumas coisas, mas não será um modo inédito de olhar. Não creio numa redenção. Creio que muita gente, após um susto tomado, vai olhar algumas coisas de uma perspectiva diferenciada. Mas, quando se olha a humanidade, ao longo da história, percebe-se que nunca demos sinais de aquilo que nos traumatiza, quando termina, vai nos redimir”.
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Via: Portal Raízes
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