Você é um grande afortunado de Deus.
De repente, você está aqui, de repente quer ir pra Paris. De repente o dia muda, o humor, também. Parece um jogo de esconde-esconde um estado de saber que não se sabe nada, julgando-se o menos afortunado do mundo.
Mas não é bem assim. Nada é tão definitivo assim que não possa ser modificado quando o assunto em pauta é o viver. Você é um grande afortunado de Deus!
De repente, você busca uma resposta, tropeça na pergunta que se fez intimamente e descobre a solução naquilo que o coração não deu bola, não percebeu e nem sinalizou.
O que você procura pode estar mais perto do que se imagina. O que você não quer mais é questão de separar e desengavetar como quem desengaveta aquela pilha de coisas inúteis e sem serventia.
De repente, você está dentro de um sonho bom e torce para que ele não acabe. Ou se sente dentro daquele abraço quente de quem um dia partiu, mas, de alguma forma, através dos seus pensamentos e saudade retornou, só para lhe mostrar que está bem. Que o tempo é só uma linha tênue e o que foi planejado em outra esfera, queira ou não queira, vai acontecer.
De repente, você muda as coisas de lugar, esquenta o café, senta e para para olhar a vista do íntimo sentindo os vários ângulos do que vai ao peito.
De repente, você só quer ligar para alguém, quer que esse alguém também te lembre como um carinho a dois, como quem um dia esteve em teu caminho e lhe reservou uma parte de sua história, para que você vivesse dentro dela sem saber o que aconteceria mais adiante e que ao mesmo tempo o ensinasse a amar sem amarras ou posse, ensinasse a regar mais o espírito entre idas e vindas, entre um breve até logo ou a dor de um adeus.
De repente, é mania, é vício. De repente, é tudo aquilo e mais um pouco. É conforto que não se mensura, é pele que se toca, é flerte entre um olhar e outro.
De repente, você só quer escutar aquela música e sair dançando respirando cada cômodo da casa, como quem um dia abriu o espaço para o outro entrar e ficar. E alguns remendos ficam a janela ainda possui pequenas frestas, e a porta um dia escancarada se fecha e você fica mais protegido do vento, da chuva, optando ou não pelo espaço da solidão.
De repente, você só quer agradecer, entender, enternecer e continuar, ali na esquina, ali no banco da praça, onde haja a sensação de que não existem correntes e sim, uma grande sensação de alívio e que dá para lutar por aquilo que parece impossível.
De repente, você quer estar aqui, quer viajar quilômetros de esperança, esbarrar na próxima etapa da vida e segurar o amor com a força da alma, dando impulso às sinceridades, por vezes tão alheias e distantes de tudo que demonstre ser íntegro e límpido.
De repente, é só a maneira de se ver a vida e torcer para que novos horizontes possam somar-se ao cotidiano sem muitos lamentos, trazendo à tona tudo aquilo que vem carregado de cor e emoção.
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