A empatia é o sentimento que nos liga ao outro. É quando você se ausenta de si e permite que o outro esteja presente em seu íntimo. E assim tenta sentir o que o outro sente, tenta ver o que o outro vê, tenta entender o porquê do outro, quais as suas dores, quais as suas razões mais profundas, quais as suas carências… É quando você procura no outro aquela dor que o faz tão humano quanto você, aquele sonho que talvez possa ser sonhado junto, aquela ânsia, aquela esperança…
Ao sentir o humano que existe no outro, sabendo-nos também humanos, é que damos sentido à palavra “Humanidade”.
Penso que a nossa geração esteja repleta de pessoas empáticas. Há muitos que sabem sentir a dor do mundo e que primam por preencher a nossa atmosfera psíquica com as flores da gentileza e o perfume da gratidão. Estes seres de Luz, embora raro tenham holofotes sobre si, são os verdadeiramente ricos e poderosos, pois são os seus gestos anônimos, as suas preces silenciosas e seus pensamentos de Paz que espalham centelhas de esperança por tota a Terra.
Mas é inegável que muitos ainda não tenham compreendido que as maiores mazelas do mundo se dão pela falta de empatia dos homens. O político não consegue, por exemplo, sentir a dor do velho aposentado rural que necessita amputar com urgência uma perna necrosada e não consegue uma vaga para a realização do procedimento médico no Sistema Único de Saúde. E porque não consegue sentir a dor desse velho, o político extravia a verba destinada a esse atendimento e vai comer as primícias dos restaurantes mais caros do mundo, em Dubai.
O marido não consegue sentir que a sua mulher é um ser que, assim como ele, quer saber-se amado e livre e a aprisiona nas correntes do ciúme, trancafiando o seu ego nos mais sujos e angustiosos porões.
Por não saber “ser o outro”, o homem furta, rouba, violenta… O homem achincalha a fé alheia, o sonho alheio. O homem escraviza o homem. O homem condena povos inteiros, comunidades inteiras à miséria, roubando-lhes as condições necessária para que possam sequer enxergar a própria indignidade.
É a falta da empatia que contamina o mundo da praga do imediatismo, do consumismo, do uso indiscriminado de recursos naturais.
A falta de empatia faz com que desumanizemos o outro e com nisso nos tornemos menos humanos, mais egoístas, mais individualistas, mais competitivos e mais insanos.
E quando vejo este planeta vivenciar tempos tão sombrios, realidades tão infelizes, quando vejo os poderosos exibirem as suas misérias morais como se fossem troféus , eu me recordo da frase tão recomendada por Chico Xavier “Isso também passará”. Nenhuma ignorância poderá perpetuar-se no tempo e no espaço.
A nossa essência Maior (ela, sim!) é eterna. Somos cidadãos de um tempo a adquirir o aprendizado necessário, coletiva e individualmente, para a nossa contínua e perene evolução.
Diante disso, sorrio! Sei que passará a glória dos avacalham com a sorte do pobre, que riem da Verdade, que zombam da Justiça, que torturam o sonho e a esperança de nações inteiras… E, como já dizia Quintana: “eles passarão” e nós (que nos exercitamos na empatia) nós “passarinho”.
Texto de Nara Rúbia Ribeiro.