Por Amauri Terto
Repórter de Entretenimento do Huffpostbrasil
São 18h30 do dia 28 de novembro. É terça-feira. Como de costume, o dia está quente no Rio de Janeiro. Mas o calor é ainda maior no saguão de entrada dos Estúdios Globo, no bairro de Curicica, onde agora estão reunidas dezenas mulheres, muitas senhoras de meia idade, impecáveis em seus vestidos de festa.
As cores azul e branco predominam na aglomeração.
Os minutos passam e mais mulheres chegam em seus carros ou trazidas por táxis. Enquanto aguardam a liberação de entrada, umas conversam e gesticulam com seus pares – companheiros, filhos ou amigas. Quem está só, mexem incessantemente nos smartphones. O lugar fica cada vez menor para a quantidade de pessoas. O clima é de ansiedade. Dali algumas horas, todas vão estar dividindo espaço com um dos maiores ídolos da música brasileira.
Estou nesse saguão porque, duas semanas antes, recebi um e-mail da assessoria de imprensa da TV Globo me convidando para acompanhar as gravações do especial de fim de ano de Roberto Carlos – que neste ano traz o título Esse Cara.
Fiquei empolgado com o convite. Minha memória afetiva ligada ao rei é forte. As músicas dele, da época da Jovem Guarda, eram aquelas que meu pai colocava pra tocar na hora de lavar seu fusca bege. E meu pai lavava esse fusca todos os sábados.
Ao mesmo tempo, não sei muito o que esperar dessa experiência. O especial de fim de ano de Roberto Carlos é uma das atrações mais tradicionais da televisão brasileira. É hoje um dos pontos altos do romantismo na TV. O programa é exibido anualmente pela TV Globo, sempre perto do Natal, desde 1974. São mais de quatro décadas de história. Só não houve programa em 1999, ano da morte de Maria Rita, esposa do cantor.
Ao longo desse anos todos, o rei apresentou seu repertório sob os mais diversos formatos, em diferentes lugares – Copacabana, Parque do Ibirapuera e Jerusalém, por exemplo – e ao lado dos mais populares nomes da música brasileira e internacional: de Anitta a Caetano Veloso, passando por Chitãozinho & Xororó, Gilberto Gil, Dominguinhos, Luan Santana, Marisa Monte e Jennifer Lopez.
Será que vou me emocionar ao vê-lo cantar ao vivo? Ou melhor: por que as pessoas ainda se emocionam com o especial de fim de ano do Roberto Carlos?
‘Sereia’, tema da personagem de Isis Valverde em ‘A Força do Querer’ foi composta por Roberto Carlos.
Às 19h me despeço do saguão apinhado de gente.
Sou levado junto com outros jornalistas a uma sala reservada para convidados. Há um buffet com petiscos salgados e doces, além de bebidas. Em poucos minutos já estão no local Patrícia Poeta, Glenda Kozlowski, Zeca Camargo, o ator Paulo Betti, Bruno Cabrerizo (Tempo de Amar) e as atrizes Vanessa Giácomo, Carla Dias (A Força do Querer), Erika Januza (O Outro Lado do Paraíso), entre outros artistas da casa.
Eles falam sobre a admiração que têm por Roberto Carlos e tentam recordar as músicas do rei que mais gostam. “Sempre que eu e a minha mãe escutamos juntas as músicas do Roberto”, diz a atriz Carla Diaz.
“Amo as músicas do Roberto Carlos, em especial ‘Detalhes’, que é uma das preferidas da minha avó”, afirma Bruno Cabrerizo. “Então eu a trouxe para me acompanhar e poder ouvir mais de perto o Rei”, completa. Dona Mercedes, avó do ator, está sentada e serena no canto da sala aguardando a hora de ver o show do rei.
Após petiscadas, declarações para a imprensa e muitas fotos, os artistas são encaminhados pela equipe de produção, um a um, para seus lugares no estúdio onde será a realizada a gravação. Nós jornalistas somos levados por último para o estúdio oval que, de cara, chama a atenção pelo pé direito alto e bela iluminação.
Por conta das conhecidas superstições de Roberto Carlos com cores escuras, diferentes tons de azul são projetados no topo do palco. As fãs que horas atrás estavam aguardando ansiosas a hora de entrar no estúdio, agora estão bem acomodadas no salão e a poucos minutos de ver e aplaudir seu ídolo.
Às 21h, uma mulher uniformizada sobe ao palco para dar orientações de segurança do local e apresentar os integrantes da brigada de incêndio. Assim que ela sai do palco, as luzes diminuem. O público ouve agora o pedido de que os celulares sejam desligados e o aviso de que é proibido o registro em vídeo do espetáculo – orientações que serão, minutos depois ignoradas por todos.
É óbvio que a noite precisa de pelo menos um registro em foto ou vídeo.
Na sequência surgem no palco 11 instrumentistas e dois backing vocals que vão acompanhar Roberto Carlos pelas próximas três horas de espetáculo. Neste momento aperto minhas mãos e elas estão suando.
Sob um terno de cor azul royal, o rei Roberto Carlos chega ao microfone ovacionado pelo público. Força Estranha é a música escolhida para dar início à noite especial. Aos 76 anos, o cantor tem uma voz límpida e potente ao vivo.
Entusiasmado e com domínio total “súditos”, ele emenda um clássico romântico atrás do outro. Fera Ferida Desabafo, Falando Sério, Côncavo e Convexo e Detalhes são algumas das pérolas que fazem a alegria dos apaixonadas da plateia.
Não faltam também declarações de cunho filosófico sobre o amor. “Os amores, com certeza, nos impulsionam a amar cada vez mais. No amor a gente nunca perde, só ganha”, disse em certo momento. “Quando se ama de verdade, nenhum amor vira passado”, declarou em outro.
Destaque na novela ‘A Força do Querer’, Clara Dias levou a mãe para assistir ao show especial de Roberto Carlos.
Como é tradição, o especial conta com participações especiais artistas que bombaram em 2017. Neste ano, sobem ao palco Simone & Simaria, Tiago Iorc e Erika Ender – compositora do hit Despacito. Ao dividir o palco com o rei, todos deixam transparecer a importância do momento para respectivas carreiras. “Nunca mais vou esquecer esse dia. Você não faz ideia do que representa nas nossas vidas”, disse Simaria entre lágrimas.
Ao olhar ao redor, percebo que as emoções no ar são variadas. Certas músicas são acompanhadas em voz alta pelas fãs. Porém, há quem prefira o silêncio. Algumas canções despertam o desejo de um selfie de casal. Outras merecem um vídeo no Instagram Stories. Uns disfarçam as lágrimas aqui, enquanto outros balançam o corpo na cadeira ali. Parece haver um Roberto Carlos para cada espectador.
Isis Valverde e Djavan protagonizam dois momentos de brilho especial na noite. A atriz canta Emoções ao lado do rei e acompanha emocionada a interpretação de Sereia, tema de sua personagem Ritinha em A Força do Querer. A canção foi composta por Roberto Carlos a pedido da autora Gloria Perez.
Djavan faz um dueto primoroso de Pétala e As Curvas da Estrada de Santos. Meus olhos ficam marejados nesse momento, mas estou feliz. Roberto Carlos também está visivelmente emocionado.
Simone & Simaria dividiram o palco com Roberto Carlos no especial de fim de ano.
Na reta final da noite, concluo que a gravação, dirigida por Boninho, teve poucas interrupções ou necessidade de repetição. O rei deixou poucas vezes o palco. Ele sabe o que faz. Tem domínio de sua arte. A magia em torno de Roberto é real e o fascínio que ele provoca não tem uma explicação óbvia.
Isso ficou ainda mais evidente na desfecho da noite.
Após cantar Despacito com Erika Ender – acompanhado por integrantes da bateria da Beija-Flor – o rei parte para a também tradicional entrega de suas rosas colombianas.
Ele encosta uma a uma perto da boca e lança para a plateia. Em poucos minutos, há uma multidão alvoroçada na frente do palco disputando as flores. Um assistente traz mais rosas para o rei e o ritual continua por alguns minutos. Os homens também querem uma rosa vermelha para a mãe, amiga, para um amor. Após algumas dúzias de flores lançadas, Roberto Carlos deixa o palco.
A atmosfera é diferente daquela do início do show. Fãs sorriem por todos os cantos. A espera das dezenas de fãs que chegaram aos Estúdios Globo às 18h foi compensada. Quem conseguiu uma rosa está neste momento fazendo fotos dela e compartilhando nas redes.
Por que as pessoas ainda se emocionam com o especial de Roberto Carlos? Ainda não sei a resposta certa. Fiquei emocionado porque algumas de suas músicas me trazem boas memórias. E vê-lo cantar ao vivo, ali, fez com que essas memórias se tornassem ainda mais vivas.
Roberto Carlos reaviva boas memórias. Essa talvez seja uma boa resposta.
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