Por Sil Guidorizzi
Depois que aprendi a não expor os bastidores da minha vida, a cadenciar mais o coração e a não me desgastar tanto, confesso que ganhei em sabedoria e libertação.
Depois que aprendi a não querer sujeira debaixo do tapete, percebi que uma alma mais limpa e franca fica mais transparente e confiável, fica com mais nitidez e brilho no olhar.
Confesso sentir-me um pouco isolada, reservada, dando-me o direito de não remexerem em minhas coisas, em meu desarrumado.
Prefiro vibrar internamente, prefiro fazer uma prece honesta, prefiro colocar em meu amém, as minhas atitudes do dia, o coração que se deixou ouvir.
Muita coisa lá fora anda sem vida, muita gente anda sem tempo para coisas mais importantes. Muita coisa passa despercebida no vaivém do cotidiano.
Tenho sorte de estar aprendendo, tenho sorte de não mais me misturar com pessoas tóxicas e sem futuro algum para mim; tenho sorte de ter Deus ao meu lado, sorte de possuir um lugar para voltar, todos os dias, sem querer destruir a vida de ninguém.
E quando Deus cabe no sentimento, cabe dentro da gratidão, cabe solto, cabe vivo, cabe de um jeito mais humano.
Deve ser por isso que eu não me incomodo com qualquer coisa que conspire contra, porque o ar que respiro tem fé, tem luz, tem esperança.
E com ela eu danço com ela eu me deito e acordo levando minha humildade por onde for.
Graças a Ele sinto que as noites, por vezes, mais frias se aquecerem e que não há nada como continuar tentando.
Já morri de amores, já relutei, já deixei acontecer. Hoje eu não insisto e sigo sem roteiro, com algumas pausas dentro do que foi planejado.
A vida, por vezes, me interpela, eu faço que não entendo e fecho os olhos em sinal de que respeitem meu momento.
Aprendi que nem sempre serei forte, nem sempre serei tão ágil e presente. Mas serei eu mesma dentro do que eu puder fazer acontecer, tentando ser justa, íntegra e inteira.
Não busco a metade da laranja. Busco apenas mais inteireza no quesito viver.
Tudo para mim é para o momento que vivo, porque de nada adianta ir atrás do que já passou. Talvez, ser franca comigo mesma tenha mudado alguns hábitos, tenha me trazido algo a mais.
Nem sempre tudo será do meu agrado, nem sempre tudo será tão lindo assim. Mas eu não faço conchavo, não tenho o hábito de falar pelas costas e nem de atrasar a vida de ninguém.
Depois que aprendi a me desobrigar de certas coisas, o tempo passa de um jeito mais simples. Certos desesperos, e a mania de sempre carregar o que não é meu, já não fazem mais parte de mim.
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