É preciso falar do ranço, o termo da moda… crônica por Renato Chimirri

É difícil você imaginar se o tempo muda as pessoas. Talvez, ele as deixe, para usar um termo da moda, mais rançosas. Ao longo dos anos como jornalista acumulei um ranço que achei que nunca ficaria impregnado dentro da minha alma e confesso que hoje fica difícil tentar se desfazer dele, porque somos uns pessimistas inconsequentes por natureza que não gostamos de ver a vida por outro prisma.

Normalmente acordamos achando que podemos ter um dia ruim, pensamos na infinidade de tarefas que temos para cumprir, no monte de compromissos que estão agendados e ainda lembramos que podemos ser surpreendidos pelo chamado imponderável. Nunca pensamos que ele pode ser a graça da vida, ou seja, que as surpresas que devem surgir são as que nos movem de uma maneira sui generis para outros horizontes.

Se tornou quase uma normalidade acordar pela manhã reclamando e nunca parar para pensar e muito menos agradecer pelo que temos, pelo que somos e por aquilo que poderemos vir a ser. Nunca estamos contentes com aquilo que nos foi oferecido e virou moda, por causa dos memes de internet, perguntar quando os humilhados serão exaltados. Será que serão mesmos?

Na verdade, os humilhados serão sempre exaltados a partir do momento que escolherem não revidar as humilhações, os ranços, as picuinhas e intrigas que o mundo de hoje nos proporciona. Os humilhados sairão dessa condição se demonstrarem que tem o ar superior e deixar seus algozes viverem num teatro de ilusões que pode lhes proporcionar um prazer momentâneo, mas que depois lhe renderá uma dor de cabeça no futuro. Escrever sobre isso é fácil, colocar em prática é muito difícil, mas temos que tentar.

As pessoas hoje são menos humanas porque se preocupam demais com aquilo que os outros pensam e também com o que fazem, mas fazer e bem é a função mais importante que temos. Não é fácil viver tudo isso, porém é fundamental que toquemos o barco para águas mais profundas e que demonstremos aprendizado com as decepções que a vida nos inflige. A vida é um carrasco cruel muitas vezes, contudo em outras demonstra ser tão sensível quanto o desabrochar de uma rosa, provando que nem tudo vai ao céu tão rapidamente ou desce para o inferno de maneira ligeira e sem correção.

A vida é uma professora contumaz que nos impõe os mais diferentes momentos em nossa curta existência de uma forma tão peculiar que nós, naquela infinita ignorância, não somos capazes de entender o que é mais importante, mesmo que isso esteja em nossa cara diariamente.

Valorizamos muitas vezes o que não precisa, deixamos de lado o fundamental, porque ainda não temos a sintonia perfeita e capaz de entender o que realmente nos edifica e nos eleva espiritualmente.

A vida não fabrica o ranço, a intolerância e a incompreensão, a vida simplesmente oferece as opções, quem escolhe o que fazer somos nós mesmos.

Renato Chimirri



Para todos aqueles que desejam pintar, esculpir, desenhar, escrever o seu próprio caminho para a felicidade.