É de admirar a coragem e determinação desse professor
Movido pelo amor a profissão, Seizo Watanabe, um senhor de 95 anos, pega dois ônibus até chegar ao local que ministra aulas de japonês, e não cobra nada por isso.
“Não queria morrer sem deixar isso para alguém”, contou à Tribuna do Paraná.
Nascido no Japão, ele veio para o Brasil ainda criança, no ano de 1940. O professor mora em Curitiba e procura fazer a diferença na vida das pessoas ensinando o idioma, que aprendeu sem que nenhum professor o ensinasse. Ele foi o verdadeiro autoditada.
“Quando cheguei, só tinha terceiro ano de estudo no Japão, mas aqui no Brasil não me adaptei ao clima e fiquei dois anos sem poder sair de casa, por conta de uma alergia que tive. Por causa disso e pela guerra (Segunda Guerra Mundial), estudei sozinho, em casa, porque não podia reunir três japoneses, se não levavam para a cadeia”.
Depois que chegou em Curitiba, com 20 anos de idade, Seizo Watanabe casou, teve dois filhos e se aposentou como dono de uma lavanderia. Mas na realidade a paixão dele sempre foram os livros.
“Sempre gostei de ler. Nunca abandonei esse hábito e acredito que já tenha lido mais de mil volumes desde que cheguei em Curitiba”.
Casado há 68 anos, Seizo tem não deixa a relação com a esposa cair na rotina. Eles ainda valorizam muito os momentos de diversão a dois, e levam uma vida bastante ativa, saindo constantemente para dançar e caminhar.
“Ela mesmo é uma pessoa muito ativa. Se tem mulher com mais saúde que a minha esposa, desconheço: corre o dia todo, faz dança. Talvez esse seja o segredo, mas sentia a necessidade de passar meus conhecimentos, deixar um legado a alguém de alguma forma”, comentou o japonês.
Há 17 anos Seizo pega dois ônibus para chegar até a escola, duas vezes por semana. Ele dá aulas de japonês para frequentadores do Centro de Atendimento ao Idoso (Cati). E sai de casa bem cedinho.
“Eu fico muito satisfeito porque o esforço de cada um, eu acho que vale muito, então cada um fazendo a sua parte me deixa muito feliz. Tenho muita gratidão”, disse ele.
O professor dá aulas de forma para dois tipos de turmas: os que ainda estão aprendendo e os que já têm certo conhecimento.
“Quanto mais idioma se aprende, melhor. Isso sem contar o fato de que conhecer nunca é demais. A pessoa que busca aprender mais, vive mais. Depois que aposentar, não fique sem fazer nada, procure estudar, porque isso impede que a gente se sinta desmotivado”.
Os alunos valorizam muito o empenho do professor, e tentam estar sempre presentes nas aulas.
“Às vezes a gente não quer vir, levanta meio desanimado, com preguiça, mas quando lembramos o esforço que ele faz para estar na aula, a gente vem”, disse Elis Miyazaki, 71 anos.
Com informações da TribunaDoParaná, SNB