Uma pessoa jamais se sentirá plena se amar só um pouco, pela metade, se não se entregar completamente. Repare que é completamente, não insanamente. Há quem confunda e ache que amor é feito de qualquer jeito, entre tapas e beijos, às vezes mais “tapas” que beijos. Sinceramente, isso não tem cara de amor, é falta de sossego. E se não se tem paz, não dá pra amar. Brigar desgasta, dá desgosto. Fujamos de afetos assim.
Amor tem que ter constância. E consistência. Ama-se todos os dias, mesmo que o dia não seja o melhor. O amor fica impresso no silêncio, no respeito ao espaço e tempo do outro, na companhia para o descanso e na esperança de que o outro dia seja melhor.
O amor não precisa ser falado, embora seja gostoso ouvir um “eu te amo” da pessoa amada. Isso não tem preço e é um prazer absurdo. Mas ele está muito mais no toque, na forma de falar e no jeito de olhar. Amor é mais sensação que palavras ditas.
Não pode afirmar que ama, alguém que não demostre alegria em falar dos seus sentimentos. Mesmo que o tempo de convivência seja longo, um mínimo de afeto precisa ser demonstrado. É bonito quando alguém inclui o nome do outro em uma conversa qualquer. Inconscientemente, deseja que a pessoa amada se faça presente, ainda que o assunto seja corriqueiro. São coisinhas como: “fulano também é assim…,” fulana gosta muito disso…”. Dá gosto de ouvir, soa como uma prova dos 9 do amor que aquela pessoa vive.
Amor é lembrar dos produtos preferidos ao cumprir a lista do supermercado; é andar de mãos dadas na rua; é trocar metade de um filme por beijos e abraços; dividir um lanche e um copo de suco e saber que o verdadeiro banquete está na companhia.
É saudade boa na ausência e tranquilidade na presença. Se os sentimentos acontecem ao inverso, há algo de errado. Se há mais cabeça baixa que brilho nos olhos, também é sinal de alerta. Se o abraço trocado não tem mais calor, a chama se apagou e talvez já faça tempo.
O amor precisa ser forjado, não vem de mão beijada nem é feito apenas de rosas. Não é perfeito, nem feito apenas de momentos felizes ou incríveis. Amor também é abrir mão, é conversa difícil e divergência. É desacordo que precisa terminar em acordo, em pedido de desculpas e em promessas de fazer melhor da próxima vez.
Só experimentou um amor verdadeiro quem pode fazer dele o seu significado de reciprocidade. Só o amor devolvido na mesma moeda traz felicidade completa.
Bem lá no fundo, se há intimidade a ponto de um abraço dispensar qualquer palavra, seguramente é amor. Em resumo, “amar talvez seja isso: descobrir o que o outro fala mesmo quando ele não diz…” (Padre Fábio de Melo)