A pele é de quem a arrepia através dos abraços, de quem recarrega o coração com suas batidas, de quem envolve as feridas com carícias, assume a vida com bondade incomensurável e decora com sorrisos os obstáculos.
Existem abraços que, quase de forma literal, nos resgatam de um naufrágio, recompõem as partes quebradas, quebram todos os medos, adoçam as fragilidades e criam uma obra de arte com os pedaços do seu coração.
Eles nos rodeiam de amor e nos enchem de sonhos cumpridos, ao mesmo tempo em que desvendam vários desejos. Nos fazem ver a vida com outras cores, nos apoiam diante da adversidade, e nos ajudam a ouvir a nós mesmos.
Peçamos abraços para o bem de todos
O bom dos benefícios psicológicos de um abraço é que eles se distribuem e se compartilham. Não pode haver egoísmo por trás de um abraço sincero, não pode haver desigualdade, nem desequilíbrio na balança.
Por isso é bom se desfazer de pudor, dar abraços e pedir abraços. É importante reinstaurar o costume e a cultura do abraço, pois graças a eles experimentamos, sentimos e reconstruímos emoções que foram banidas.
Existem abraços que fazem o momento, o dia, a vida… Há sinais de incondicionalidade divina e através deles sabemos que o fato de estarmos quebrados nos torna indestrutíveis, fortes e valentes.
Os abraços que damos em nós mesmos
A pele se arrepia com o calor de um abraço e com a intensidade do contato do corpo com outro corpo. Contudo, muitas vezes o frio das ausências, das dificuldades e das incertezas pode nos queimar, nos afogar e nos esgotar.
Às vezes não temos a possibilidade de receber esses abraços que tanto reconfortam, e então resistir fica mais difícil. Porque você não tem ninguém ao seu lado para lembrá-lo de que vale a pena e que insistir nos seus objetivos é a chave para o seu sucesso.
Então, em meio a essa desmerecida solidão, é preciso conseguir ver que os lampejos da nossa valentia são os que iluminam o nosso caminho, que podemos abraçar a nós mesmos e que, de fato, isso é preciso e extraordinariamente benéfico.
Portanto, em vez de dizer que não temos forças para seguir é preciso mimar a si mesmo, abraçar as próprias fragilidades, se fortalecer, se adaptar apesar do esgotamento, mobilizar o nosso caminhar e se preparar para a batalha.
Só assim, abraçando a nós mesmos, conseguiremos ancorar as nossas vidas aos nossos sonhos. Para isso, sempre é bom se lembrar de Benedetti e suas lindas palavras. Palavras carregadas de força que nos abraçam e nos arrepiam a pele, mesmo na distância temporal e física mais profunda.
Não se renda, ainda há tempo de alcançar e começar de novo,
aceitar as suas sombras, enterrar os seus medos,
liberar o lastro, retomar o voo.
Não se renda porque a vida é isso,
continuar a viagem, perseguir seus sonhos,
destravar o tempo, tirar os escombros
e descobrir o céu.
Não se renda, por favor não ceda,
mesmo que o frio queime, mesmo que o medo morda,
mesmo que o sol se esconda e que o vento se cale.
Ainda há fogo na sua alma, ainda há vida nos seus sonhos.
Porque a vida é sua e também seu é o desejo,
porque você o desejou e porque eu lhe quero bem,
porque existe o vinho e o amor, é verdade.
Porque não há feridas que o tempo não cure.
Abrir as portas, tirar os ferrolhos,
abandonar as muralhas que o protegeram,
viver a vida e aceitar o desafio.
Recuperar o riso, ensaiar um canto,
baixar a guarda e estender as mãos,
abrir as asas e tentar de novo,
Celebrar a vida e retomar os céus.
(…)
Porque cada dia é um novo começo,
porque esta é a hora e o melhor momento.
porque você não está sozinho, porque eu amo você.
-Mario Benedetti-