“Eu tenho Síndrome de Down e não deveria precisar justificar a minha existência”

O discurso de 7 minutos de Frank Stephens no Congresso dos Estados Unidos deu a volta ao mundo e pode ser um bom safanão na consciência endurecida dos autodenominados “progressistas” que consideram “um grande avanço” eliminar do mundo a Síndrome de Down mediante a eliminação das próprias pessoas com Síndrome de Down.

Frank Stephens é ator, escritor, porta-voz da Global Down Syndrome Foundation e membro da equipe administrativa da Special Olympics no Estado da Virgínia. Ele mesmo tem a síndrome – e uma vida com mais conquistas e realizações do que a média das pessoas sem a síndrome.

Seu discurso começou bem direto:

“Quero dizer que não sou cientista nem pesquisador. Mesmo assim, ninguém sabe mais da vida de uma pessoa com Síndrome de Down do que eu. Seja o que for que vocês aprenderam hoje, lembrem-se disso: eu sou um homem com Síndrome de Down e a minha vida vale a pena”.

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Esse “lembrete” é dirigido à absurda ideia de que um bebê pode ou até deve ser abortado pelo simples fato de ter Síndrome de Down. Sim, há gente que defende essa ideia – e financia a sua prática. Ainda mais assustador: há governos que apoiam a sistemática eliminação dos bebês cuja síndrome é diagnosticada. Recentemente, foram divulgadas as chocantes estatísticas que apontam a Dinamarca e a Islândia como países em que 100% dos bebês com Síndrome de Down são exterminados mediante o aborto.

Para Frank, existe uma opinião estendida a respeito das pessoas com Síndrome de Down que é “profundamente influenciada por um preconceito ultrapassado”. Ele começa a desmontar esse preconceito contando um pouco da própria vida:

“Eu tenho uma vida muito interessante. Já dei aula em universidades, atuei num filme premiado, num programa de televisão premiado no Emmy e dei palestra a milhares de jovens sobre o valor da inclusão. Visitei duas vezes a Casa Branca e não precisei pular a cerca. Realmente, acho que eu não precisaria justificar a minha existência”.
Mesmo não precisando justificar a própria existência, Frank citou três argumentos que destacam o valor das pessoas com Síndrome de Down:

1 – “Nós somos um presente médico para a sociedade, um plano para a pesquisa médica sobre o câncer, o Alzheimer e os transtornos do sistema imunológico“.

2 – “Somos uma fonte incomum e poderosa de felicidade. Sem dúvida, a felicidade tem valor“. A referência é um estudo da Universidade de Harvard apontando que as pessoas com Síndrome de Down, bem como os seus pais e irmãos, percebem a vida com um grau de felicidade maior que o normal.

3 – A existência das pessoas com Síndrome de Down é um testemunho e um alerta: “Nós somos o canário na mina de carvão. Damos ao mundo a oportunidade de pensar sobre a ética de escolher quais seres humanos merecem uma oportunidade de viver“
.

Para encerrar, Frank fez menção à “Solução Final”, termo que descreve a política nazista de extermínio genocida de judeus e outras minoras, e exortou seus compatriotas:

“Sejamos os Estados Unidos, não a Islândia nem a Dinamarca. Busquemos respostas, não ‘soluções finais’”.

O recado está dado – e muito bem dado.



Para todos aqueles que desejam pintar, esculpir, desenhar, escrever o seu próprio caminho para a felicidade.