A intuição é um conceito complicado de explicar, mas fácil de entender só de nomeá-lo. Quantas vezes já não resolvemos um problema com base em nossa intuição?
Todos sabemos o que é a intuição. Se fizermos um exercício de reflexão, descobriremos como a intuição já nos ajudou em um grande número de ocasiões, especialmente quando não tínhamos suficiente informação sobre algum tema da vida para o qual tínhamos que dar respostas.
Se você pensar com franqueza, verá que também não se saiu tão mal com a intuição. Milhares de perguntas que nos fazemos ao longo da vida, como a escolha de um companheiro, se devemos ou não confiar em certa pessoa que acabamos de conhecer, se devemos escolher este ou aquele trabalho, foram resolvidas como a intuição de forma acertada.
Pois bem, este conceito positivo que a maioria de nós tem sobre a intuição é agora reafirmado por um importante neurocientista alemão chamado Gerd Gigerenzer. Se não fosse graças a nossa intuição, ao nosso cérebro inconsciente, passaríamos tanto tempo pensando que terminaríamos sem fazer nada, afirma.
Gerd Gigerenzer é psicólogo e atualmente tem 67 anos de idade. Além de dirigir o Instituto Max Planck de Desenvolvimento Humano em Berlim, é especialista no estudo da tomada de decisão e publicou livros, alguns de grande divulgação entre os que se destacam “Gut Feelings”, livro que já se encontra disponível em nada menos que outros 17 idiomas.
Para Gigerenzer a intuição parte da evolução, como quase tudo na vida. Nosso cérebro foi aprendendo umas regras gerais ao longo de milhares de anos, às quais recorremos quando precisamos de respostas. Curioso, não é mesmo? É o que se chama “regra geral” ou “heurístico”.
O que um heurístico faz é ignorar a informação para tomar uma decisão mais rapidamente. Para Gerd Gigerenzer, a intuição nos leva a tomar decisões de forma mais rápida e certeira na maioria dos casos, do que se racionalizássemos um tanto.
Como prova disto, o neurocientista nos lembra de uma divertida anedota, relacionada com o fato da escolha de companheiro. Se quando conhecêssemos alguém começássemos a imaginar o futuro possível que nos espera com ela, pode ser que não o fizéssemos; de fato, Gigerenzer afirma que só conhece uma pessoa que racionalizou ao máximo a sua escolha de companheira “Encontrei apenas uma pessoa que fez assim , e era economista. Agora está divorciado”.
No programa de televisão de Redes, apresentado por Eduardo Punset, Gerd Gigerenzer contou na sua entrevista:
“Sim. Há muitos exemplos que o comprovam, mas permita-me citar um muito simples: imagine que você esteja no concurso “Quem quer ser milionário?” e chega a pergunta de um milhão de reais, que é a seguinte: qual cidade tem mais habitantes, Detroit ou Milwaukee? O que você acha? O tempo corre… pois fizemos esta pergunta aos americanos, e houve uma divisão de opiniões: 60% se inclinou por Detroit (que é a resposta correta), mas o resto optou por Milwaukee. Logo fizemos a mesma prova com alemães, que sabiam muito pouco sobre Detroit, e a maioria sequer havia ouvido falar de Milwaukee. O que você acha que aconteceu? Que proporção de alemães você acha que acertou a resposta? O surpreendente é que praticamente todos. Muitos mais: um 90%.”
“No mar, como no amor, costuma ser melhor seguir um pressentimento que obedecer a uma biblioteca”
– John R. Hall –